segunda-feira, 20 de junho de 2011

Quando saí do trabalho.

Mal saí pela porta a sensação de falta de ar era real.
Um céu negro, não preto mas de um cinza só com uma gota de branco. A electricidade da trovoada futura sentia-se nos pelos dos braços. 
Ainda não chovia mas ela vinha ai. Aí se vinha.
De ténis, calções e t-shirt olhei para o céu e sorri.
O transporte público levava-me na direcção contrária à intempérie...
Claro está que quem manda é a natureza. 
As nuvens mergulhavam a uma velocidade não visível. 
Acabamos engolidos por elas.
Quando começou a chover, e se chovia, as pessoas tinham na cara a incredibilidade da parvoíce. Pois com aquele céu era melhor trocar os veículos de 4 ou mais rodas por barcos.
Quando passámos o rio a chova batia com tanta força no leito negro que parecia que estávamos a disparar rajadas de metralhadoras. 

Do outro lado da margem viam-se alguns raios solares a passar entre as nuvens. Assim que essa partículas, que 8 minutos antes tinham deixado o Sol, me acariciaram a face senti a tua mão.
Debaixo de chuva, vento ou calor sinto a tua falta.

Entretanto tinha parado de chover, mas a promessa continuava escrita no céu.

Enquanto caminhava pelo parque em direcção ao metro senti o cheiro a terra molhada, vi as pessoas a sacudir os chapéus de chuva, desviei-me das poças de água e recordei com um sorriso na cara que o Verão tinha começado em Moscovo...

terça-feira, 7 de junho de 2011

Dar valor.


No meio da confusão, da bancarrota, do ilusionismo político, de modernices barrocas e do mais cabal nacional porreirismo, tudo é possível, até podemos ser felizes.

Estive uma semana em casa… saudades é pouco para este caso. Estive uma semana a vivenciar o amor, a amizade, a família, o país e os cães. Tudo na mesma o que demonstra a total diferença de realidades.

Como é possível o nosso país fazer tanta diferença. Gostava de saber se os outros, aqueles que são de outros países, sentem o mesmo que eu senti.  Estou num dos países das maiores oportunidades, num mundo por explorar, numa selva urbana fantástica e ainda assim no país dos pequenos e brandos costumes é que sou realmente feliz? Ainda não sei responder. 

Acredito que não foi a possibilidade de comer o nosso fantástico peixe que me deixou tão imensamente feliz. Já agora comi uns chocos com tinta que estavam para lá de bons… adorava ver a cara dos meus amigos russos se tivessem assistido a minha boca depois de ter devorado os chocos mais pretos deste mundo!!!

Não existe dinheiro que pague o nosso mar, ai Portugal Portugal, grande Jorge Palma. Mas a surpresa que fui fazer a quem estava em Portugal não foi nada quando comparada com a minha própria surpresa relativa ao que senti.
Sabia que estava muito longe e que esta distância nos mata por dentro e talvez por isso nos ajuda a atenuar a diferença de latitude e longitude. Agora o que o meu corpo e mente sentiram foi deveras díspar. A luz da minha cidade é tão intensa que quando sai para a rua de manhã nem conseguia abrir bem os olhos.

Ao fundo o mar… ao fundo o resto do mundo… é bom deixar tudo far behind quando sabemos que temos a nossa casa à espera. Ou não.
Temos que saber dar valor…