Procuro na beleza natural encontrar inspiração.
Viajo, passeio, ando, corro, salto muros, estico todo o meu corpo… tento ver, ouvir, sentir, cheirar e por vezes provar o que me rodeia.
Fico sem fôlego com a simples visão das ondas a enrolarem quando se deleitam ao encontrar a areia na praia. Quando as nuvens cobrem o alto do topo das montanhas, dizendo: “Queres ver como acabam? Anda até aqui rapaz!”
Fico preso, ao agitar das folhas de qualquer árvore empoleirada num penhasco.
Busco esta beleza sem pedir nada em troca… minto peço inspiração para viver, para voltar a acordar no dia seguinte e agradecer pelo que ainda me falta ver e sentir.
Depois de receber uma boa dose de beleza vejo que me faltam as palavras para descrever. A minha mão não recebe do meu cérebro qualquer informação nervosa necessária.
Acredito que por estar a absorver, catalogar, registar e a arrumar a informação não existem neurónios disponíveis. Disponíveis para trocar sinapses entre eles. E com essa electricidade criativa em falta, não posso escrever algo de completamente maravilhoso que pode-se transpor em palavras como é, por exemplo, a brancura da neve no topo do Vesúvio. Como azul é ao longe e translúcido ao perto é o mar da baía de Napulè. Como aromaticamente salgado é o ar que se respira aqui no cimo de Posillipo de frente para Capri.
Claro está que os mais eruditos em matéria de neurologia me diriam: “Rapaz os neurónios responsáveis pela memória não estão na mesma zona do cérebro humano onde estão os que são responsáveis pelo processo criativo de escrever!”
Ao qual eu respondo que não quero escrever nada criativo! Quero sim fazer uma cópia, pôr em palavras tudo o que tenho visto. A própria realidade é tão Bela que não é necessário ser criativo…
Bem vou andado…
Ainda faltam 9 km para voltar para “casa”.
Vou ver mais umas coisas.
Até já.