Ontem ao almoço, depois de eu me expressar no meu Italiano mais fluente, a rapariga que trabalhava no restaurante perguntou se eu estava em Nápoles a estudar… Ainda tenho aspecto de estudante… Eu ri-me e disse que estava em trabalho. Ela deve ter pensado: a falares assim Italiano deves comunicar muito bem com os teus colegas!
Hoje de manhã fui caminhar pela baía de Nápoles. Esteve muito bom tempo. O sol era forte para Janeiro, sem vento e sem nuvens o mar sofria de uma quietude que não me é habitual. Para quem sempre viveu junto ao Oceano Atlântico não lhe é familiar ver uma imensidão de água assim tão extensa e nenhum som de ondas…
A água azul cristalina desde mar, agora junto a mim, transmitem-me uma diferente emoção, mas sempre calma. A camada incolor e transparente que divide o ar do fundo do mar, dá-me vontade de saltar lá para dentro… mas estamos em Janeiro… pena.
O cheiro também é diferente, passa por despercebido ao meu olfacto. De ser falta de sal.
Muitas famílias se passeavam hoje pela rua, balões, comida de rua, vendedores ambulantes, corredores e corredoras, caminhantes e muitas conversas.
Camadas de base, bâton, rímel, e mais publicidade enganosa para ir simplesmente passear à beira mar… Os que não estavam em fato de treino a correr ou a caminhar pareciam que iam assistir a uma ópera ao Teatro São Carlos… Eu de t-shirt e blusão pensei que ia passar um pouco de calor, e passei, estas pessoas devem ter um sistema de refrigeração mais moderno.
Depois de passar pelos pescadores que vedem o seu peixe acabado de pescar, mesmo ao lado de uma via rápida com 4 faixas de rodagem. Depois de passar por um castelo e ver ao longe no cimo da colina outro ainda mais antigo, de ver a Ilha de Capri entre a bruma que se eleva do mar num dia como hoje. De passar por jovens a namoriscar pendurados nos muros junto ao mar, de ver velhos e novos a aproveitar o sol que hoje lhes foi endereçado, meti-me pelo meio das ruas caóticas do centro histórico.
Pois bem era hora de almoço e tinha fome. Depois de caminhar mais uns bons quarteirões cheguei onde queria. A um antigo restaurante bem no centro do centro histórico…
Onde comi uma mistura de peixes fritos com lulas e um camarão… só um pois não podemos ficar a ganhar. Acompanhado por beringelas à parmagiana. Podia ser da fome, mas não creio, a pescadinha, o salmonete, os calamares, o camarão e um outro peixe que não sei qual era estavam simplesmente divinais! E as beringelas também estavam boas, embora frias… em minha a casa eu sirvo-as sempre quentes.
Isto a ser acompanhado por um trio de guitarra, contra-baixo e clarinete… músicas tipo Padrinho, qual Don Michael Corleone!
Ainda tive sorte por haver a mesa do castigo, que é junto ao frigorífico expositor dos peixes. Isto de ser só um para almoçar deixar qualquer empregado de mesa doído!
Voltei a caminhar pelo centro histórico até chegar a “casa”.
É por dias como este que sinto que estas experiências são boas, mas poder partilha-las com alguém é o ideal. Espero por ti aqui uma vez mais.
08/01/12